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Proposta desenvolvida por alunos de medicina da Univates visa ensinar e divulgar conhecimentos básicos da reanimação cardíaca visando ter os pequenos alunos como fomentadores das técnicas: |
“O coração de amor que a gente desenha não é como o de verdade”, diz a menina de apenas sete anos, com convicção, ao fazer o conhecido símbolo com as mãos unidas. A observação de uma das alunas do 2º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Arnaldo José Diel feita a um dos estudantes do curso de Medicina da Univates foi apenas o primeiro dos muitos projetados para ocorrer no projeto piloto “SOS Pequenos Socorristas” e que tem a escola da Linha Lenz, no interior de Estrela, como primeira base de atuação.
O contato inicial entre os alunos menores da escola e maiores da universidade mostrou que a proposta vai render bons frutos dentro do objetivo maior que pretende fazer do projeto um pilar para fundamentar medidas e ações que podem fazer a diferença em momentos cruciais quando o assunto é salvar vidas, mesmo que pelas mãos e atitudes de crianças. Dentro desta proposta, a Liga Acadêmica de Simulação Realística do Curso de Medicina da Univates, coordenada pelo professor e doutor Edisom Brum, busca, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Estrela-RS, a realização do projeto com o objetivo de fomentar a capacitação de crianças nos princípios da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), ou mais popularmente conhecido como “reanimação cardíaca”, visando a disseminação de conhecimentos fundamentais sobre cuidados de saúde de emergência.
Precoce
Introduzido pelos estudantes do 4º ano do curso superior, o projeto busca ensinar e disseminar ensinamentos básicos das técnicas da RCP. Utilizando a chamada “simulação realística (SR)”, pretende fazer do público-alvo (crianças do jardim ao 2º ano) potenciais conhecedores da técnica e difusores da mesma, sendo que esta tem grande valia em diversas situações. Vale ressaltar que o treinamento de Basic Life Suport (BLS) é difundido mundialmente para leigos com intuito de treinamento de reconhecimento de parada cardiorrespiratória (PCR). Sabe-se que o reconhecimento prévio e também a tomada de medidas precoces de reanimação, por leigos, diminuem a mortalidade de pacientes em PCR.
Abordagem pedagógica
O projeto busca empregar uma abordagem pedagógica, dinâmica e acessível, visando capacitar as crianças a agirem eficazmente em situações de emergência médica. Arthur Bonella é um dos estudantes do curso e presidente da Liga de Simulação Realística da Univates. Suas impressões iniciais junto às crianças o surpreenderam. “Incrível como eles já têm noção de algumas coisas que achávamos que ainda seria desconhecido por parte delas. Acho que vai ser mais fácil e produtivo do que imaginávamos”, comenta ele, logo depois de uma explanação básica de como funciona o coração, as artérias e tudo mais que foi realizada com os pequenos.
O treinamento de RCP seguirá entre aulas teóricas e práticas, inclusive com bonecos (de tamanho proporcional às crianças), sempre sob a supervisão dos estudantes de medicina. Informações obtidas por meio dos registros das aulas farão parte de grupos de discussão, inclusive entre os jovens aprendizes, visando compreender o entendimento dos mesmos acerca do treinamento e assim projetar melhorias.
Para casa
Maria Clara Horn Sarmento tem apenas sete anos. Ela confessa que adorou o que aprendeu. “Vou mostrar para minha vó e depois para meus pais”, avisa a menina. O professor Brum, que acompanha as aulas, afirma que é este justamente um dos propósitos do projeto. “Queremos que estes jovens alunos sejam não apenas fonte de conhecimento, técnicas, mas também difusores. Ainda desejamos ver o quanto elas podem, mesmo enquanto crianças, reter estes conhecimentos visando futuras ações semelhantes com os mesmos propósitos”, explica. “Estamos assim, também, ajudando na formação de bons cidadãos.” Outras sessões serão realizadas tendo a mesma temática central como foco.